segunda-feira, 10 de outubro de 2011


A economia paralela

Segundo vários estudos, a economia paralela representa, em Portugal, mais de 25% do produto interno bruto, sendo um dos valores mais elevados, ao nível da União Europeia.
Mas o que é a economia paralela? 
A economia paralela, também designada por subterrânea, é constituída pelo conjunto de actividades económicas que não são registadas pela contabilidade nacional ou pelas estatísticas oficiais.
Neste conceito entram, normalmente, três tipos de actividades: as actividades não comercializáveis, como as actividades domésticas ou associativas; as actividades comercializáveis dissimuladas, como o trabalho clandestino, a evasão ou fraude fiscal; as actividades comercializáveis ilícitas, como o tráfico de droga ou a prostituição.
Ao nível das actividades comercializáveis dissimuladas, releva a subfacturação das actividades de profissionais liberais e de empresas, dos mais variados sectores.

Quanto vale a economia paralela? Quais as implicações noutras variáveis económicas?
Visto que em 2002, o PIB português atingiu 130 mil milhões de euros, a economia paralela deverá ultrapassar os 32 mil milhões de euros.
Se este montante fosse declarado, resultariam diversas consequências.
Teríamos um PIB maior e, consequentemente, uma maior produtividade média do trabalho, que se aproximaria da média europeia.
Seria menor o peso dos rendimentos do trabalho dependente no total do rendimento nacional, tornando ainda mais gritante as disparidades na sua distribuição.
Aumentaria as receitas de impostos. Aplicando uma taxa média de 30%, as receitas fiscais cresceriam em quase 10 mil milhões de euros, o que corresponde a 7,5% do PIB, isto é, a mais de duas vezes o défice das contas públicas. É caso para perguntar, porque se fala tanto do valor défice para justificar o corte na despesa e no investimento públicos e se omite a fuga aos impostos.


Francisco Gaspar

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