O
conceito de capital humano teve origem durante a década de 1950, nos estudos de Theodore W. Schultz, (nascido em 1902 e falecido em 1998),
que dividiu o prémio Nobel
de Economia de 1979 com Sir Arthur Lewis.
Este
conceito foi desenvolvido e popularizado por Gary Becker e
retomado, em 1980, pelos organismos multilaterais mais diretamente vinculados
ao pensamento neoliberal, na área educacional, no contexto das demandas
resultantes da reestruturação
produtiva. Deriva dos conceitos de capital fixo (maquinaria)
e capital variável (salários). O "capital humano"
(capital incorporado aos seres humanos, especialmente na forma de saúde e educação) seria o componente explicativo fundamental do desenvolvimento
económico desigual
entre países.
Entretanto,
a ideia de aplicar o conceito "capital"
a seres humanos, no sentido de transformar pessoas em capital para as empresas,
contraria frontalmente o pensamento humanista que marcou a esquerda no pós-guerra.
Segundo
a teoria marxista, o conceito de capital humano corresponde a
uma reflexão, com o propósito de
convencer o trabalhador de que ele é, na verdade, um capitalista. Este aspecto
é tratado no volume II de O Capital , como se pode observar no excerto seguinte:
"Economistas
apologéticos (...) dizem: (...) a sua [do trabalhador] força de trabalho é, portanto, ela mesma, seu capital em forma-mercadoria,
da qual lhe flui continuamente seu rendimento. De fato, a força de trabalho é a sua [do trabalhador] propriedade (reprodutiva, que
sempre se renova), e não o seu capital.
É a única mercadoria que
ele pode e tem que vender continuamente, para viver, e que actua como capital variável apenas nas mãos do comprador, o capitalista. Que um homem seja continuamente compelido a
vender sua força de trabalho, isto é, ele mesmo, para outro homem, prova,
segundo esses economistas, que ele é um capitalista, porque constantemente tem
"mercadorias" para vender. Nesse sentido, um escravo também é um capitalista, embora ele
seja vendido por uma outra pessoa, mas sempre como mercadoria; pois é da
natureza dessa mercadoria, o trabalho escravo,
que seu comprador não só a faça trabalhar de novo a cada dia mas também lhe dê
os meios de subsistência que a capacitam a trabalhar de novo e sempre."
(MARX,
Karl . O Capital, vol. II,
capítulo XX, secção X)
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