Recuperação do Pós-Guerra
Durante alguns anos após a derrota japonesa na Segunda
Guerra Mundial, a economia da nação ficou quase totalmente paralisada em
virtude da destruição causada pela guerra, com uma séria escassez de alimentos,
uma inflação descontrolada e um agressivo mercado negro. A nação perdeu todos
os seus territórios de além-mar e a população ultrapassou a marca dos 80
milhões de habitantes, com o acréscimo de cerca de seis milhões de repatriados
do exterior. Fábricas foram destruídas pelo fogo dos ataques aéreos. A demanda
interna caíra com a cessação das encomendas militares e o comércio exterior era
restrito pelas forças de ocupação. Mas o povo japonês começou a reconstruir a
economia devastada pela guerra, auxiliado no início pela ajuda à reabilitação
dos Estados Unidos. Em 1951, o Produto Nacional Bruto foi recuperado ao nível
de 1934-36. O crescimento populacional inibiu a recuperação da renda per capita
da nação, mas em 1954 esse indicador também recobrou o nível de 1934-36 em
termos reais. O pessoal militar desmobilizado e os civis desconvocados
juntaram-se ao mercado de trabalho proporcionando uma larga oferta de trabalhadores
para a reconstrução económica no início do período do pós-guerra.
Várias reformas sociais realizadas após a guerra
ajudaram a moldar uma estrutura básica para o subsequente desenvolvimento económico.
A desmilitarização do pós-guerra e a proibição de rearmamento estabelecidas
pela nova Constituição eliminaram o pesado ónus provocado pelos gastos militares
sobre os recursos económicos da nação. A dissolução dos Zaibatsu (enormes
monopólios empresariais) libertou as forças da livre concorrência, e a
propriedade da terra cultivável foi redistribuída em grande quantidade entre os
antigos arrendatários agricultores, dando-se a eles novos incentivos para a
melhoria de seus lotes. Também foram removidos os obstáculos às atividades
sindicais, tendo como resultado o fato de a segurança de emprego dos
trabalhadores tornar-se mais protegida e abriu-se o caminho para o aumento
constante dos níveis salariais.
Com o 'sistema de produção prioritária', deu-se ênfase
ao aumento da produção do carvão e do aço, os dois principais focos do esforço
industrial do país. A elevação da produção do aço estabeleceu a base para uma
decolagem global da produção, caracterizando um impulso no investimento de
capital, sustentado pela recuperação do consumo. Em seguida, a produção foi
incrementada não apenas nas indústrias de base, tais como a do aço e dos
produtos químicos, mas também em novas indústrias produtoras de vens de consumo,
tais como as de aparelhos de televisão e de automóveis.
Rápido Crescimento Económico
A
economia japonesa continuou a expandir-se rapidamente de meados dos anos 50 até
a década de 1960, tendo sofrido apenas duas breves recessões, em 1962 e em
1965. A taxa média de crescimento anual esteve próxima dos 11% em termos reais,
durante a década de 1960. Compare-se isto com os 4,6% da República Federal da
Alemanha e os 4,3% dos Estados Unidos, no período de 1960 a 1972. E essa taxa
também ficou bem acima do dobro da média da taxa de crescimento do próprio
Japão de antes da guerra, que era cerca de 4% ao ano.
Concorda-se em geral que a rápida expansão da
economia japonesa do final dos anos 50 até a década de 1960 foi impulsionada
pelo vigoroso investimento da indústria privada em novas fábricas e
equipamentos. O elevado nível de poupança das famílias japonesas proporcionou
aos bancos e outras instituições financeiras amplos recursos para um pesado
investimento no setor privado. O aumento dos gastos de capital foi associado
com a introdução de nova tecnologia, muitas vezes sob autorização de empresas
estrangeiras. O investimento para a modernização tornou as indústrias japonesas
mais competitivas no mercado mundial, criou novos produtos e deu às empresas
japonesas as vantagens da produção em massa e melhorou a produtividade por
operário.
Um outro fator que está por trás do crescimento
económico do Japão durante esse período foi a existência de uma abundante
mão-de-obra com um elevado grau de educação. Um número razoavelmente grande de
jovens entrava no mercado de trabalho a cada ano, e também houve uma acentuada
migração de trabalhadores agrícolas para as fábricas e os empregos de prestação
de serviços, que em sua maioria estavam localizados nas cidades maiores.
Conforme
melhor exemplifica o plano de duplicação da renda em dez anos anunciado em
1960, a política económica do governo, na época, objetivava e encorajar a
poupança, estimular os investimentos, proteger as indústrias de crescimento e
fomentar as exportações. O Japão beneficiou-se com o clima de expansão da
economia mundial e com a disponibilidade de um abundante suprimento de energia,
que vinha do estrangeiro por um preço relativamente barato durante esse
período.
Após uma breve recessão em 1965, a economia japonesa desfrutou de um
longo período de prosperidade até por volta do verão de 1970, com a taxa de
crescimento real durante esse período variando em torno dos 12%. O principal
fato por trás desse crescimento foi o aumento do investimento de capital, usado
para maiores gastos destinados a realizar a economia de escala, construir mais
instalações para aumentar a capacidade de exportação e adquirir o equipamento
necessário para responder às mudanças no meio social
e económico, tais como as ferramentas que economizavam o trabalho e aparelhos
para eliminar a poluição. O aumento das exportações devido à maior
competitividade de preços dos produtos japoneses também serviu de suporte para
a constante ascensão das atividades comerciais.